Transformação digital na mineração: como avançar com segurança e valor estratégico
A autonomia está revolucionando a segurança, a eficiência e a sustentabilidade das operações de mineração na América Latina. Esse movimento, repleto de oportunidades, também envolve riscos e complexidades que precisam ser gerenciados com estratégia. Compreender esses desafios é tão importante quanto investir nas tecnologias que impulsionam a autonomia.
Resistência cultural: o primeiro grande obstáculo
A resistência cultural, mencionada por 27,5% dos entrevistados, é um dos principais desafios identificados no estudo “Autonomia na Mineração 2025”, realizado pela NTT DATA e pela MIT Technology Review en español. A falta de confiança na capacidade das novas tecnologias e o receio em perder empregos desaceleram a adoção. A gestão da mudança torna-se essencial para alinhar expectativas, superar resistências e demonstrar que a autonomia melhora tanto a produtividade quanto as condições de trabalho.
Investimento inicial: um desafio de estratégia financeira
O alto custo de aquisição de frotas autônomas, sensores, redes de conectividade e plataformas de integração é outro fator crítico. Cerca de 23% dos participantes reconhecem que os investimentos superam as expectativas de curto prazo. Para evitar que os projetos fiquem parados, é essencial associá-los a KPIs estratégicos e estabelecer metas de retorno sobre o investimento alinhadas aos ciclos de planejamento de mineração.
Infraestrutura tecnológica: conectividade e modernização
Muitas operações de mineração na América Latina ocorrem em regiões remotas com conectividade limitada e sistemas legados que dificultam a integração entre a tecnologia da informação (IT) e a tecnologia operacional (OT). Essa lacuna tecnológica aumenta o risco de interrupções na operação. A modernização gradual da infraestrutura é necessária para garantir a interoperabilidade e a confiabilidade das operações autônomas.
Cibersegurança: proteger a convergência IT/OT
A cibersegurança desponta como um risco estratégico. Com a crescente convergência entre os mundos de IT e OT, ataques a sistemas de controle industrial podem paralisar operações críticas — ou até comprometer a segurança física dos trabalhadores. Nesse caso, a abordagem deve ser preventiva: arquiteturas seguras desde a fase inicial de projeto, mecanismos de redundância, planos de recuperação e monitoramento contínuo da integridade de dados e sistemas.
Projetos-piloto sem escalabilidade: como evitar a estagnação
O estudo revela que 72% dos projetos-piloto atendem apenas parcialmente aos objetivos de valor. Entre os motivos estão a ausência de governança, expectativas irreais e falta de métricas bem definidas. Para evitar esse cenário, é necessário definir uma estratégia de escalabilidade desde o início, com um planejamento bem estruturado e indicadores capazes de demonstrar o valor gerado ao longo do tempo.
Conclusão: autonomia como diferencial competitivo
As operações autônomas são sinônimo de competitividade, atração de jovens talentos, transparência e capacidade de resiliência a interrupções. Elas também aumentam a atratividade para os investidores e melhoram a sustentabilidade. Para alcançar todo o potencial dessa transformação, é essencial adotar uma abordagem integrada que una tecnologia, cultura organizacional, governança e desenvolvimento de competências.
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