Não se trata apenas de um número, mas de uma oportunidade sem precedentes. Um estudo da Harvard Business Review Analytics Services patrocinado pela NTT DATA constatou que 90% das empresas latino-americanas estão dispostas a reforçar seus investimentos em tecnologias emergentes nos próximos doze meses.
Se isso fosse combinado com uma mudança de mentalidade cultural para que as organizações da região colocassem essas inovações e o conhecimento de seus negócios a serviço do desenvolvimento dos países e da melhora da qualidade de vida dos cidadãos, estaríamos falando de uma nova era para a América Latina. Pois bem, o relatório nos deixa mais uma pista para sermos otimistas: 86% acreditam que desenvolver uma cultura corporativa baseada na inovação é fundamental.
Os recursos nos nossos países são abundantes: temos algumas das maiores reservas mundiais de lítio, cobre e petróleo, com as maiores reservas de água do planeta, condições climáticas para apostar nas energias renováveis, uma capacidade gigantesca para produzir alimentos - e o cenário de guerra na Ucrânia nos mostra que tanto a matriz energética global quanto o ecossistema alimentar mundial estão prestes a mudar - e, fundamentalmente, com talentos extraordinários (embora ainda escassos). Devemos acrescentar a isso que a infraestrutura digital da América Latina está se tornando cada vez mais robusta, sólida e confiável.
No entanto, muitos desafios estão por vir em termos de estabilidade econômica, competitividade, crescimento e desigualdade social.
Oportunidades Emergentes
As tecnologias emergentes desempenham um papel fundamental aqui: elas nos permitem capitalizar recursos, gerenciar riscos e criar oportunidades. Os tempos em que uma ferramenta de computador era implementada com o único objetivo de baratear custos hoje nos parecem pré-históricos: a principal preocupação dos executivos da região, como mostra este relatório, é atacar um dos problemas que mais tem afetado o desenvolvimento das empresas na região: metade dos entrevistados afirmou que busca aumentar a produtividade com tecnologias emergentes.
Mas também são a chave para acessar mercados globais, ganhar eficiência por meio da automação, gerar experiências únicas para clientes e colaboradores ou sustentar estratégias de sustentabilidade. Por exemplo, a robótica avançada minimiza tarefas manuais, atividades duplicadas ou erro humano ao extremo. A inteligência artificial, por sua vez, nos permite entender e prever cenários em um mundo em rápida mudança. Apenas dois exemplos que poderiam ser multiplicados com os casos de uso propostos por edge computing, blockchain, Internet das Coisas, realidade virtual e aumentada ou metaverso.
Margem para Otimismo
Uma série de obstáculos persiste, alguns deles paradoxais. Por exemplo, a escassez de capital humano em determinadas competências é mais premente, curiosamente pela elevada qualidade do talento regional, cada vez mais procurado - aliado ao trabalho remoto - por empresas internacionais. Outros são históricos: falta de recursos financeiros ou dificuldade de integrar novas tecnologias ao cenário de TI existente. 88% entendem que essas barreiras podem ser contornadas com o parceiro tecnológico adequado, aquele que não só tem experiência comprovada na implantação de ferramentas inovadoras, como também está alinhado aos valores e propósitos da organização.
Os resultados obtidos até o momento nos permitem uma visão positiva do futuro: 90% afirmaram que as tecnologias emergentes vão contribuir para o sucesso das suas organizações no futuro, 87% afirmaram ter utilizado tais tecnologias nos últimos dois anos e 88% consideraram que os benefícios obtidos justificam o valor do investimento. As melhorias visíveis atingiram a reputação da marca, maior retenção de clientes ou aumento da lucratividade. Os benefícios potenciais vão muito além.
Por isso, minha última reflexão não pode evitar a redundância: as tecnologias emergentes são a chave para fortalecer a América Latina como uma economia emergente.