É possível manter o controle sobre a grande quantidade de informações que circula no mundo digital?
Este é o ponto de partida do conceito de “soberania da identidade”. A proposta é que cada indivíduo ou organização mantenha uma espécie de auditoria direta e pessoal sobre seus próprios dados, sem intermediários. A ferramenta para tornar isso possível é a identidade digital soberana e as credenciais verificáveis. No núcleo deste conceito estão a criptografia e as tecnologias Blockchain ou Distributed Ledger Technologies (DLTs).
Em um ambiente hiperconectado, as identidades digitais tornam-se ativos cada vez mais valiosos. A chegada de tecnologias como a IA Generativa ou a computação espacial multiplica exponencialmente a quantidade de informações pessoais processadas no universo virtual. Os riscos são elevados: fraudes digitais e roubo de identidade são ameaças constantes.
As credenciais verificáveis permitem que usuários e organizações decidam quem pode acessar seus dados privados e sob quais condições. São credenciais cuja autenticidade pode ser comprovada em tempo real. Elas constituem, portanto, um mecanismo personalizado, rápido e confiável para garantir que as interações online sejam seguras e autênticas. Nenhuma pessoa não autorizada poderá interceptar ou manipular essas informações.
Blockchain/DLTs: proteção e descentralização
Blockchain e as tecnologias DLT desempenham um papel central nesta transformação a partir de três perspectivas.
A primeira é a privacidade. Essa tecnologia é essencial para proteger os dados dos usuários, permitindo que compartilhem informações de forma seletiva, privada e segura. Ela revela somente os dados necessários para que uma transação ocorra, sem fornecer detalhes adicionais. Por exemplo, diante de uma entidade educacional, pode-se expor apenas o título que permite a inscrição; já diante de um médico, somente o histórico clínico necessário ou mesmo provar que é maior de idade sem revelar a data de nascimento.
O segundo aspecto é a distribuição ou descentralização absoluta. O Blockchain possibilita que as identidades não sejam controladas por uma única entidade, aumentando a segurança e reduzindo o risco de fraudes e manipulações. Grandes plataformas, como bancos ou redes sociais, concentram e controlam atualmente um número imenso de identidades digitais. O que cria um risco importante: qualquer brecha de segurança pode deixar todas essas informações expostas.
O terceiro ponto onde o Blockchain é relevante é a rastreabilidade. Cada transação é registrada de maneira segura e imutável. Portanto, mesmo no caso de um incidente, todas as atividades podem ser rastreadas até encontrar o responsável.
Soberania das identidades na prática
As credenciais verificáveis para a soberania das identidades podem ser aplicadas em diversos casos de uso.
Por exemplo, em votações eletrônicas permitem verificar a autenticidade dos eleitores sem comprometer seu anonimato, garantindo maior transparência ao processo eleitoral. Nos serviços públicos, asseguram o acesso somente às pessoas autorizadas, otimizando tanto os recursos do Estado quanto a experiência dos cidadãos. No contexto acadêmico e profissional, criam uma prova verificável das credenciais educacionais de um indivíduo, permitindo que instituições confirmem sua validade de forma simples, segura e soberana.
Esses são apenas alguns exemplos de como, graças ao Blockchain e às tecnologias DLT, é possível construir uma sociedade digital mais segura e transparente.