Caminhar em um espaço onde o real e o virtual se sobrepõem. Ter a capacidade de interagir com o ambiente, mover elementos, conversar com outros usuários e "ancorar" um objeto digital com a garantia de que ele estará lá na próxima vez que precisarmos dele.
A computação espacial está se estabelecendo como uma tendência importante. Com sua grande capacidade disruptiva, a tendência é revolucionar não apenas a forma como interagimos com a tecnologia, mas também como realizamos nossas atividades diárias.
Como essa jornada entre os universos 2D e 3D é vivenciada na construção de soluções? Muitas ferramentas não foram criadas especificamente para a computação espacial, mas se adaptam bem às necessidades dos desenvolvedores.
Muito além dos jogos
É comum que soluções baseadas em jogos e modelagem, renderização e animação 3D sejam aplicáveis à computação espacial. Elas tendem a ter aspectos muito refinados relacionados à tridimensionalidade, ao gerenciamento de gráficos de alta resolução e a uma experiência de usuário semelhante à exigida por essa nova tecnologia.
Por exemplo, o Unity 3D possibilita levar uma aplicação tradicional a uma variedade de hardware, incluindo dispositivos de realidade virtual e aumentada. O mesmo se aplica ao Unreal Engine, uma ferramenta poderosa em termos de gráficos, e com o Godot, que utiliza código aberto.
O Blender, também de código aberto, permite que os elementos 3D sejam exportados para o Unity e oferece altos níveis de integração, pois é executado na maioria dos dispositivos existentes. Seu uso é acessível e fácil, mesmo para iniciantes.
Essas estruturas abordam o duplo desafio técnico e criativo de desenvolver aplicações para computação espacial. Elas permitem que referências do mundo real sejam tomadas e reproduzidas para criar experiências com proporções e percepções realistas e, ao mesmo tempo, permitem que a criatividade não reproduza exatamente o mundo físico.
Gestão de dados e ferramentas de desenvolvimento
Outro desafio é armazenar dados de forma eficaz. Coordenadas de interações, âncoras, referências de tamanho e distâncias são fundamentais. Bancos de dados como o PostGIS, o complemento espacial do PostgreSQL, podem ser úteis.
Com relação às linguagens de programação, é recomendável trabalhar com linguagens de alto desempenho, como Python, C# e linguagens específicas para placas de vídeo, como HLSL. Elas são necessárias para processar grandes quantidades de dados e cálculos com vetores ou identificação de imagens.
A criação de protótipos é essencial para entender como as interações funcionarão e como os usuários reagirão a cada estímulo. O Blender e o ShapesXR são os principais aliados nessa etapa.
Explore o que há disponível de olho no que está por vir
Embora o cenário esteja em constante mudança, algumas recomendações para a seleção de estruturas e ferramentas de desenvolvimento para computação espacial já podem ser delineadas. Optar por soluções de código aberto garante que vários colaboradores trabalhem em sua evolução. Além disso, é importante não se limitar a um único framework, pois há vários caminhos para uma solução.
Com o surgimento de novos dispositivos, cada um com seu próprio sistema operacional, recursos e pré-requisitos, o planejamento prévio é essencial para garantir que a solução funcione na maioria deles sem perder a qualidade. Também é necessário considerar os casos em que um dispositivo não tem um sensor específico e precisa receber esses dados do backend.
Em resumo, o desafio atual é explorar o que está disponível no mercado e aproveitar o que pode ser útil para criar soluções de computação espacial. Cada ferramenta desenvolvida é um passo em direção ao futuro.