O futuro das equipes | NTT DATA

qua, 26 novembro 2025

O futuro das equipes de design de produtos digitais na era da IA

 

Um breve retrospecto: do impresso ao digital

Os sites começaram como jornais digitais — páginas estáticas que utilizavam práticas conhecidas de diagramação, hierarquia e redação de notícias para um novo meio de comunicação. Seu valor era evidente — as pessoas podiam acessar informações (e as marcas, atingir pessoas) de forma mais direta do que por meio do impresso, rádio ou TV. No entanto, à medida que a web revelou sua natureza interativa, os designers descobriram que já não estavam apenas organizando conteúdo. Estavam desenvolvendo serviços de ponta a ponta, viabilizando novos modelos de negócio e redefinindo como empresas e clientes se conectavam online.

A era da experiência: projetando a jornada

Ao longo das décadas, passamos de “telas” para “ecossistemas”. As equipes de experiência do usuário hoje orquestram jornadas completas — ao longo de múltiplos momentos, dispositivos e contextos — garantindo que as interações sejam intuitivas, humanas e satisfatórias. O escopo do design já ultrapassou os pixels — hoje ele inclui o mapeamento de necessidades não atendidas, a articulação dos pontos de contato ao longo do serviço e a tradução da estratégia de negócios em decisões centradas nas pessoas.

A IA reduz distâncias

As IAs generativas e preditivas estão impulsionando o design para sua próxima transição. As IAs generativas e preditivas estão impulsionando o design para sua próxima transição. Quando a tecnologia é capaz de interpretar intenções, raciocinar sobre grandes volumes de dados e agir em nome do usuário, a distância cognitiva entre necessidade e solução diminui consideravelmente — às vezes, a zero. Interfaces tornam-se transparentes; caminhos que antes exigiam navegação visual passam a acontecer por meio de conversas instantâneas ou automações silenciosas.

Esse cenário implica que grandes partes do trabalho tradicional de interface visual desaparecem. De forma repentina, o ato de projetar uma interface deixa de existir como antes — o produto passa a ser entregue por meio de uma simples frase, um gesto ou uma automação que opera silenciosamente em segundo plano.

O que desaparece — e o que permanece

Perde relevância

Ganha relevância

Protótipos visuais em alta fidelidade

Estruturação estratégica de problemas

Documentações de hand-off impecáveis

Concepção de produto alinhada ao negócio

Guias de estilo estáticos

Tom conversacional dinâmico e construção de persona

Produção manual de UI

Orquestração de jornadas com base em dados

Ainda assim, a criatividade permanece como o fator humano essencial. Alguém precisa decidir quais problemas merecem ser resolvidos, por que são relevantes e como os valores da marca devem se manifestar quando não há mais pixels visíveis.

Novos perfis em ascensão

  • Especialistas em conversação: moldam personalidade, voz e tom adaptativo em interações por chat ou voz, garantindo consistência e empatia.
  • Analistas comportamentais: combinam psicologia, antropologia e sociologia para interpretar padrões de uso revelados por telemetria de IA.
  • Orquestradores de resultados: desenham jornadas de ponta a ponta em que agentes inteligentes negociam, operam e entregam soluções com autonomia.
  • Gestores de ética e confiança: atuam como responsáveis diretos pela responsabilidade algorítmica, alinhando decisões automatizadas a valores humanos e normas sociais.

No curto prazo: primeiro eficiência, depois transformação

Curto prazo (hoje até os próximos 2 anos)

A IA potencializa fluxos de trabalho existentes: bibliotecas de padrões, geração de código e testes de usabilidade passam a ser semiautomatizados. Com menos especialistas, é possível produzir mais entregas de interface tradicional.

Médio prazo (de 2 a 5 anos)

O pensamento “tela em primeiro lugar” perde força. Experiências multimodais e agentes dominam pilotos e produtos periféricos. Equipes de design passam a atuar mais cedo, integradas a times estratégicos e em parceria com lideranças de produto e negócio.

Longo prazo (acima de 5 anos)

Interfaces que lembram jornais — ou mesmo aplicativos clássicos — tornam-se nichadas. A forma predominante de interação passa a se parecer com um diálogo fluido com um profissional altamente preparado e que compreende o contexto do usuário. O valor do design migra completamente para a interpretação contextual, ideação e governança ética.

Como as organizações podem se preparar

  1. Reformule a missão do design – Avalie o sucesso com base nos resultados entregues, não nas interfaces lançadas.
  2. Invista em fluência multidisciplinar – Incentive designers a estudarem estratégia de mercado, ciência de dados e pesquisa comportamental.
  3. Prototipo com agentes, não com telas – Teste fluxos conversacionais e jornadas autônomas desde o início; trate a interface visual como recurso de apoio.
  4. Fortaleça a governança ética – Estabeleça princípios claros e comitês de revisão para que a velocidade das iterações com IA não ultrapasse os limites da responsabilidade.
  5. Promova a requalificação contínua – Ofereça caminhos claros para a migração de designers visuais ou operacionais para novas funções emergentes.

Design na era da interface invisível

O design sempre teve como propósito tornar a intenção algo tangível. À medida que a IA torna a interface invisível, a intenção passa a ser o próprio produto. As equipes que abraçarem essa mudança – atuando desde a definição estratégica do problema até a governança ética dos resultados – estarão à frente na próxima era. Longe de perderem relevância, as práticas de design estarão mais integradas do que nunca ao núcleo estratégico do negócio, atuando como ponte entre as aspirações humanas e as soluções viabilizadas pela tecnologia com velocidade e precisão.


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